A construção do tempo tem sido associada por diversos pensadores à globalização da economia, que pode ser feita a qualquer hora e lugar. É o tempo da economia de mercado do capitalismo contemporâneo, onde a sobrevivência passa a depender da competência em se produzir mais em menos tempo.
O estudo do uso do tempo tem sido pauta de diversas teses e segundo Schlesinger “os conceitos do tempo utilizados pelos jornalistas no curso da produção jornalística são de importância primordial na sua cultura profissional”, fato este que elucida os motivos pelo qual as empresas midiáticas prezam por quem sabe administrar este tempo. A dimensão temporal aparece, desde o arranque do jornalismo como elemento indissociável de um projeto noticioso que se pretende uma autêntica “maratona informativa”.
Não só para a produção do material jornalístico, mas também para a sua execução o profissional precisa saber usar o tempo à seu favor, já que outras empresas e outros profissionais entram nessa competição a toda hora. E é difícil dizer se essas regras foram criadas para servir os expectadores ou para aumentar a competição entre a comunidade jornalística.
Se por um lado o jornalismo tem perseguido a idéia de velocidade, principalmente após a invenção das rotativas e do início da produção em grande escala, passados mais de um século e meio esta velocidade ainda continua sendo cobrada, pontuando contraditoriamente a escala evolutiva do fazer jornalístico. Isto provavelmente em decorrência do grande avanço tecnológico e de sua utilização pelas empresas de comunicação.
Quando Schlesinger afirma que “vendo de um posto de vista temporal, a notícia é definida pela sua qualidade efêmera e transitória, e é altamente deteriorável” conclui-se que determinados pela alta rotatividade de negociação de notícias que surgem á todo momento as empresas jornalísticas não abrem mão na hora de negociar como se estivessem em um “mercado de peixe”, prezando sempre por aquele que chega mais rápido. Diferentemente de jornais impressos, a televisão, rádio e web dão preferência ao imediatismo quase que instantâneo, e descartam quaisquer material que não acompanhe essa velocidade.
No caso do material impresso, as notícias podem ter uma maior abordagem e serem ainda “frescas” quando estão no jornal do dia seguinte, fazendo é claro um contraponto com a velocidade do tempo em que os profissionais devem seguir, já que precisam cumprir o deadline já pré-estabelecido.
Diante das necessidades da produção jornalística, os profissionais se vêem amarrados em conceitos básicos, que são aprendidos já nas universidades, de que ganha espaço o jornalista que sabe executar com precisão e velocidade, e que cumpre seu papel sem colocar em risco a moral da empresa pela qual presta serviço. Correr contra o tempo não pode, de forma alguma significar passar por cima dos preceitos da ética jornalística.
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