Todos os grandes acontecimentos da história mundial são largamente noticiados pelos meios de comunicação. Porém, alguns fatos chocantes, normalmente quando envolvem muitas pessoas, e/ou crianças e mulheres, são esmiuçados de forma tão massacrante que chega a dar impressão que o caso é ainda muito maior do que já é.
O último caso que chocou a opinião pública foi o do assassinato de 12 crianças dentro de uma escola no bairro do Realengo no Rio de Janeiro. O matador,Wellington Menezes de Oliveira, um rapaz de 23 anos, premeditou com crueldade de detalhes o crime, que culminou no dia 7 de abril de 2011. Ex-aluno da escola Tasso da Silveira, aparentemente confiável, adentrou as dependências da instituição municipal com a desculpa de ir buscar a 2° via de seu histórico escolar. Já no local, entrou na primeira sala de aula, segundo relatos, dizendo ser um palestrante, ao mesmo tempo que tirava de uma pequena mala uma das armas que tiraria então a vida de 12 jovens entre 12 e 15 anos.
Desde o dia do crime, as versões para o perfil do matador são diversas, todas apontam para um jovem tímido, com sérios problemas de relacionamento, aparentemente com tendências terroristas e muito introvertido.
De certa maneira, algumas colocações poderão ajudar pais, professores e a população em geral a abrir os olhos para problemas visíveis de preconceito com o diferente, pois sabemos que nosso país é muito opressor e pouco tolera quem não é “comum”. Se o menino é quieto demais ou se a menina gosta muito de ler já não é muito bem vinda, se o adolescente não se junta com o restante do grupo, ou se sua opção sexual não é igual a dos outros com certeza poderá se tornar alvo de menosprezo, que gerará também com toda certeza problemas psicológicos no futuro.
E todas essas versões sobre o atirador são apontadas dia após dia, em emissoras de rádio, televisão, jornais e internet. O que mais espanta é a rapidez com que o caso foi diluído na mídia em geral, já que a ordem é trazer o máximo de novidades, entre vídeos do atirador, cartas suicidas, depoimentos dos pais das vítimas e colegas da escola, formadores de opinião, pessoas que já passaram por alguma coisa parecida, enfim, a ordem é espremer, bem dizendo a famosa frase jornalística: espreme que sai sangue.
O mundo todo noticiou o caso porém, de toda forma, apesar de sabermos que a curiosidade humana é que faz as mídias se aproveitarem para alavancar a audiência, o que mais assusta é a manipulação de tantos artifícios para prender a atenção dos espectadores pelo maior tempo possível. Programas como o da apresentadora Sônia Abrãao, e de outros colegas tão ou mais baixos que tal, utilizam das formas mais deprimentes para conseguir o que querem.
A grandiosa Rede Globo passou e passará muitos dias ainda discutindo sobre o caso e sobre as consequências de um crime como esse. Talvez com maior cuidado, mas explorando da mesma forma, crianças que estiveram na mira do assassino e pais demolidos pela morte de um filho.
De todas as manchetes que vi por aí, a melhor foi sem dúvida de um certo jornal nordestino, que resume em poucas palavras tudo o que precisava ser dito: “12 mortos, 193 milhões de brasileiros chorando”.
É chegada a hora de repensar a forma para abordar casos como esse, pensando bem de que maneira a divulgação não fará mais corajosos criminosos saírem da toca.
Por Maria Julia Medeiros
2 comentários:
Querida
Qual seu email? Mando a receita de creme de legumes imediatamente por email.
Tive um problema com o blogger e a postagem sumiu. mas vai entrar de novo essa semana.
Me escreve com teu email que te mando agora mesmo.
Beijos e obrigada pelo carinho!
Nesse episódio particularmente, como jornalista de TV, não tenho dúvida em afirmar, somos responsáveis tbém. Alguém tem dúvida de que ele se inspirou em Columbine? Acho que desmo todas as dicas que ele precisava.
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