segunda-feira, maio 30

da série TEXTOS PARA A FACULDADE DE JORNALISMO: "O massacre da mídia"


          Todos os grandes acontecimentos da história mundial são largamente noticiados pelos meios de comunicação. Porém, alguns fatos chocantes, normalmente quando envolvem muitas pessoas, e/ou crianças e mulheres, são esmiuçados de forma tão massacrante que chega a dar impressão que o caso é ainda muito maior do que já é.
O último caso que chocou a opinião pública foi o do assassinato de 12 crianças dentro de uma escola no bairro do Realengo no Rio de Janeiro. O matador,Wellington Menezes de Oliveira, um rapaz de 23 anos, premeditou com crueldade de detalhes o crime, que culminou no dia 7 de abril de 2011. Ex-aluno da escola Tasso da Silveira, aparentemente confiável, adentrou as dependências da instituição municipal com a desculpa de ir buscar a 2° via de seu histórico escolar. Já no local, entrou na primeira sala de aula, segundo relatos, dizendo ser um palestrante, ao mesmo tempo que tirava de uma pequena mala uma das armas que tiraria então a vida de 12 jovens entre 12 e 15 anos.
Desde o dia do crime, as versões para o perfil do matador são diversas, todas apontam para um jovem tímido, com sérios problemas de relacionamento, aparentemente com tendências terroristas e muito introvertido.
De certa maneira, algumas colocações poderão ajudar pais, professores e a população em geral a abrir os olhos para problemas visíveis de preconceito com o diferente, pois sabemos que nosso país é muito opressor e pouco tolera quem não é “comum”. Se o menino é quieto demais ou se a menina gosta muito de ler já não é muito bem vinda, se o adolescente não se junta com o restante do grupo, ou se sua opção sexual não é igual a dos outros com certeza poderá se tornar alvo de menosprezo, que gerará também com toda certeza problemas psicológicos no futuro.
E todas essas versões sobre o atirador são apontadas dia após dia, em emissoras de rádio, televisão, jornais e internet. O que mais espanta é a rapidez com que o caso foi diluído na mídia em geral, já que a ordem é trazer o máximo de novidades, entre vídeos do atirador, cartas suicidas, depoimentos dos pais das vítimas e colegas da escola, formadores de opinião, pessoas que já passaram por alguma coisa parecida, enfim, a ordem é espremer, bem dizendo a famosa frase jornalística: espreme que sai sangue.
O mundo todo noticiou o caso porém, de toda forma, apesar de sabermos que a curiosidade humana é que faz as mídias se aproveitarem para alavancar a audiência, o que mais assusta é a manipulação de tantos artifícios para prender a atenção dos espectadores pelo maior tempo possível. Programas como o da apresentadora Sônia Abrãao, e de outros colegas tão ou mais baixos que tal, utilizam das formas mais deprimentes para conseguir o que querem.
A grandiosa Rede Globo passou e passará muitos dias ainda discutindo sobre o caso e sobre as consequências de um crime como esse. Talvez com maior cuidado, mas explorando da mesma forma, crianças que estiveram na mira do assassino e pais demolidos pela morte de um filho.
De todas as manchetes que vi por aí, a melhor foi sem dúvida de um certo jornal nordestino, que resume em poucas palavras tudo o que precisava ser dito: “12 mortos, 193 milhões de brasileiros chorando”.
É chegada a hora de repensar a forma para abordar casos como esse, pensando bem de que maneira a divulgação não fará mais corajosos criminosos saírem da toca.

Por Maria Julia Medeiros

da série TEXTOS PARA A FACULDADE: "O fator tempo dominando o Jornalismo"





O texto apresentado nesta análise classifica o fator “tempo” como de suma importância na profissão do jornalista e explana os diversos motivos para isso tornar-se verdadeiro.
A construção do tempo tem sido associada por diversos pensadores à globalização da economia, que pode ser feita a qualquer hora e lugar. É o tempo da economia de mercado do capitalismo contemporâneo, onde a sobrevivência passa a depender da competência em se produzir mais em menos tempo.
O estudo do uso do tempo tem sido pauta de diversas teses e segundo Schlesinger “os conceitos do tempo utilizados pelos jornalistas no curso da produção jornalística são de importância primordial na sua cultura profissional”, fato este que elucida os motivos pelo qual as empresas midiáticas prezam por quem sabe administrar este tempo. A dimensão temporal aparece, desde o arranque do jornalismo como elemento indissociável de um projeto noticioso que se pretende uma autêntica “maratona informativa”.
Não só para a produção do material jornalístico, mas também para a sua execução o profissional precisa saber usar o tempo à seu favor, já que outras empresas e outros profissionais entram nessa competição a toda hora. E é difícil dizer se essas regras foram criadas para servir os expectadores ou para aumentar a competição entre a comunidade jornalística.
Se por um lado o jornalismo tem perseguido a idéia de velocidade, principalmente após a invenção das rotativas e do início da produção em grande escala, passados mais de um século e meio esta velocidade ainda continua sendo cobrada, pontuando contraditoriamente a escala evolutiva do fazer jornalístico. Isto provavelmente em decorrência do grande avanço tecnológico e de sua utilização pelas empresas de comunicação.
Quando Schlesinger afirma que “vendo de um posto de vista temporal, a notícia é definida pela sua qualidade efêmera e transitória, e é altamente deteriorável” conclui-se que determinados pela alta rotatividade de negociação de notícias que surgem á todo momento as empresas jornalísticas não abrem mão na hora de negociar como se estivessem em um “mercado de peixe”, prezando sempre por aquele que chega mais rápido. Diferentemente de jornais impressos, a televisão, rádio e web dão preferência ao imediatismo quase que instantâneo, e descartam quaisquer material que não acompanhe essa velocidade.
No caso do material impresso, as notícias podem ter uma maior abordagem e serem ainda “frescas” quando estão no jornal do dia seguinte, fazendo é claro um contraponto com a velocidade do tempo em que os profissionais devem seguir, já que precisam cumprir o deadline já pré-estabelecido.
Diante das necessidades da produção jornalística, os profissionais se vêem amarrados em conceitos básicos, que são aprendidos já nas universidades, de que ganha espaço o jornalista que sabe executar com precisão e velocidade, e que cumpre seu papel sem colocar em risco a moral da empresa pela qual presta serviço. Correr contra o tempo não pode, de forma alguma significar passar por cima dos preceitos da ética jornalística.

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